Quem não quer saber quem foram seus ancestrais?
Nos últimos anos, o sequenciamento completo do genoma humano facilitou o acesso do público aos testes de DNA que permitem descobrir nossa história genética. Ou, pelo menos, é o que prometem.
Esses kits podem ser comprados em muitas farmácias e também por meio de sites de empresas especializadas e até mesmo na Amazon. E eles estão ficando mais baratos: se há cerca de cinco anos, um kit custava cerca de US$ 300 (R$ 1,2 mil), agora, podem ser comprados por US$ 75 (R$ 290).
Estes testes foram inclusive os produtos mais vendidos em novembro nos Estados Unidos durante a última Black Friday, de acordo com dados da Amazon.
Como funcionam os testes de DNA:
O teste que promete revelar quem são nossos antepassados funciona da seguinte maneira: você compra o kit, cospe em um tubo ou passa um cotonete na parte interna da bochecha e envia a amostra para a empresa da qual contratou o serviço.
A companhia extrai de sua saliva células que contêm todo o seu genoma. Seu DNA é então inserido em um banco de dados e comparado ao genoma de outros clientes que pagaram pelo mesmo serviço. São assim estabelecidas semelhanças e diferenças e criado um mapa étnico. Mas quão confiáveis são esses testes?
Informações distorcidas:
Cientistas alertam que, na realidade, os perfis genéticos obtidos por meio desses testes não podem fornecer informações muito precisas sobre a nossa ancestralidade.
No programa da BBC Os casos curiosos de Rutherford e Fry, junto com uma entrevista do geneticista Mark Thomas, esses testes genéticos foram examinados.
“Muitas dessas empresas dão a você um relatório de etnia, de modo que não lhe dizem realmente quem são seus antepassados, mas se suas características genéticas correspondem a alguns dos descendentes de seus antepassados”, disse Thomas.
“Muitas dessas empresas dão a você um relatório de etnia, de modo que não lhe dizem realmente quem são seus antepassados, mas se suas características genéticas correspondem a alguns dos descendentes de seus antepassados”, disse Thomas.
Normalmente, esse tipo de teste não compara seu DNA com o de pessoas que viveram no passado, mas com os de seus contemporâneos.
Mas a comparação é limitada a pessoas que estão no banco de dados da empresa, então, em muitos casos, a leitura do seu genoma pode gerar resultados diferentes dependendo de qual empresa você contratar, alerta Thomas.
Antepassados favoritos:
As pessoas têm preferências quanto a seus ancestrais. Thomas explica que é mais atraente e exótico dizer que seus antepassados eram vikings ou da realeza celta do que gauleses, por exemplo.
Mas a verdade é que, na Europa, quase todos os europeus que não têm um passado de migração recente são, muito provavelmente, descendentes dos vikings, argumenta o especialista.
“Voltando no tempo, até a época em que os vikings viveram, um europeu certamente descobrirá que um de seus ancestrais era escandinavo, porque esse povo ocupava um grande território e chegou até o norte da África.”
Como ilustra Thomas, uma rede ancestral torna-se maior, abrangendo mais grupos históricos e étnicos, conforme se volta mais no tempo.
Fonte: BBC News Brasil
Imagens: Getty Images