A morte de João Maria Figueiredo, soldado da Polícia Militar, trouxe à tona o grupo do qual ele era um dos líderes no Rio Grande do Norte: o ‘Movimento Policiais Antifascismo’. Enlutados, os cerca de 150 membros esperam a elucidação do caso e dão continuidade às bandeiras defendidas pelo companheiro.
O grupo dos Policiais Antifascismo teve início em 2015, no Rio de Janeiro e na Bahia. Foi no estado nordestino onde o sodado Figueiredo participou, em 2017, do Fórum Social Mundial. De lá, voltou ao RN com a missão de disseminar os ideais do movimento, atividade que cumpriu até o último dia de vida.
Amigo de Figueiredo, Pedro Mattos, que é agente de Polícia Civil, integra o movimento. “Contamos com policiais civis, militares e federais. Tem guardas municipais, agentes de trânsito e penitenciários. Além de delegados e oficiais”, ressaltou.
De acordo com o policial civil, não há a figura de um coordenador ou chefe do grupo. “Não somos adeptos do corporativismo. Claro que, naturalmente, um ou outro exerce certa liderança, como o Figueiredo exerceu”, explicou.
A questão das drogas é um dos temas mais discutidos pelos Policiais Antifascismo. “É um problema muito mais do âmbito da saúde do que criminal. Se o alcoólatra é visto como um doente e não como bandido, por que com o usuário de outra droga tem de ser diferente?”, indagou.
O grupo defende que a sociedade deve decidir sobre como tratar a questão das drogas. A regulamentação poderia ser uma saída.
A desmilitarização da Polícia Militar é outra bandeira defendida pelo movimento que tem um grande número de policiais militares. Na versão do grupo, esse ponto, se alcançado, poderia até facilitar o acesso de policiais a direitos trabalhistas.
Quanto ao funcionamento da atividade policial, o ‘Movimento Policiais Antifascismo’ defende também uma progressão de cargos, conforme a vivência do profissional. “Buscamos a retirada das castas, o que possibilita que quem começa a carreira policial na base alcance o topo. Defendemos a carreira única, o ciclo completo”, destacou Pedro Mattos.
O agente da Polícia Civil do RN explicou o porquê do grupo defender a carreira única. “Acontece muito de, por exemplo, um policial com 15 ou 20 anos de carreira ser chefiado, em uma operação, por um garoto com um ano de carreira de delegado. Isso é muito ruim. Eu diria que 90% do conhecimento necessário para o serviço vêm do que se adquiriu ao longo da vida. O Direito, a faculdade, é apenas 10%”, argumentou.
Sobre a morte de Figueiredo, o policial disse acreditar na competência da Divisão Especializada em Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde ele já trabalhou. “Tenho confiança que eles vão conseguir elucidar. Mas, o caso ainda está sombrio”.
Fonte: Portal no Ar
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