Já ouviu algo como “Eu sou de A, e você?” ou… “Você tem cara de ser de B!” ou pior… “Meu signo só presta se relacionar com C ou D”. Já ouviu? Já falou algo assim? Alguma vez se sentiu meio boba por acreditar em signos e em astrologia? Vamos pensar um pouco sobre o assunto…
A ciência e a astrologia
Santo Agostinho, já no século IV, combatia veementemente as superstições e a astrologia. No seu livro “A doutrina cristã” escreve: “Todo homem livre vai consultar os tais astrólogos, paga-lhes para sair escravo de Marte, de Vênus, ou quiçá de outros astros (…). Querer predizer os costumes, os atos e os eventos, baseando-se sobre esse tipo de observação, é grande erro e desvario (…) deve repudiar e fugir completamente da arte dessa superstição malsã e nociva (…)”.
Por outro lado, a astrologia carece de toda base científica: Nunca foi encontrado qualquer cientista sério e renomado que lhe desse crédito. Se essa superstição tivesse qualquer base científica, a sorte e o destino de irmãos gêmeos seriam as mesmas, já que nasceram no mesmo dia e horário e sob o mesmo signo. E sabemos que suas vidas são completamente diferentes.
O advogado Danton de Souza fez o mapa astrológico do Brasil e escreveu o livro Predições astrológicas após cinquenta anos de pesquisa. O livro foi publicado em 1983 e previa que no dia 03 de julho de 1991 iria acontecer algo tão terrível, que o astrólogo preferiu calar-se. Tudo passou e ninguém se lembra de nada grave nessa data! Puro engano!
A revista francesa Science et Avenir (Janeiro de 1998, pág. 52s), publicou o artigo de Gilles Moine intitulado Pour em finir avec l’Astrologie (Para acabar com a astrologia). É de alto nível científico e destinado a público de estudiosos – o que confere autoridade às observações de Gilles Moine (apud Prof. Felipe Aquino – Ed. Canção Nova, 2016, 209p):
“1. O número de planetas reconhecidos pelos astrólogos até 1781 era de seis (06).
Em 1781 foi descoberto o planeta Urano, em 1846 Netuno, e em 1930 Plutão. E quem garante
que não se descobrirá um décimo planeta no nosso sistema solar? – Daí a pergunta: se os astros
exercem influência sobre o comportamento dos seres humanos, eles a exercem mesmo quando
não são conhecidos pelos terrestres. Como pode então o astrólogo definir a conduta ou o destino
de alguém, se este é influenciado por forças desconhecidas?”“2. A astrologia parte do princípio que certos corpos celestes, como são astros,
exercem sobre o recém-nascido uma influência devido à força da gravidade e coisas semelhantes.
Mas, pensando bem, pode-se observar que o médico obstetra e a parteira devem exercer ainda
maior influência sobre a criancinha, porque estão mais próximos dela, exercem uma força
gravitacional seis vezes mais importante do que a do planeta Marte. Verdade é que a massa
corpórea do médico ou da parteira são muito menores do que a de um planeta, mas, em
compensação, estão muitíssimo mais perto do bebê que nasce – por isso exerceriam uma
influência gravitacional maior que a dos planetas.”“3. A Física ensina que o poder de atrair que têm os corpos, vai diminuindo à
medida que aumenta a distância entre os corpos. Ora, acontece que a astrologia julga que a
influência dos astros é independente da sua distância. Em consequência, a influência de Marte
sobre os recém-nascidos seria a mesma, quer o planeta esteja do mesmo lado do Sol que a Terra,
quer esse planeta esteja do outro lado do Sol, sete vezes mais longe da Terra. Tal concepção
contradiz às leis da Física e se deve, em parte, à imagem geocêntrica dos antigos astrólogos.”“4. Consequentemente ainda se pergunta: se a influência dos astros é independente
das distâncias, por quê a astrologia não leva em conta a possível influência de estrelas e galáxias
esparsas pelo universo? – Está claro que, se os astrólogos fossem considerar tais eventuais
influências, a astrologia se tornaria tão complexa e complicada que deixaria de ser cultivada. A
astrologia só pode ter tido origem em época muito remota, na qual pouco se conheciam os astros,
e só pode subsistir se faz abstração de tantos astros descobertos após a origem da astrologia.”“5. Questiona-se ainda: Por quê a (suposta) influência dos astros só se exerce a
partir do momento em que a criança nasce, e não a partir do momento em que é concebida no
seio materno? Quando a astrologia começou a ser praticada, julgava-se que o nascimento era o
momento “mágico” do surto ou da origem da vida. Hoje, porém, sabe-se que a vida da
criancinha começa nove meses antes, em consequência da fecundação do óvulo pelo
espermatozoide. É notório também o fato de que o bebê ou o feto ouve a voz de sua mãe e é
sensível aos choques e ao barulho violento. Na verdade, a data do nascimento é algo de evidente a
todo ser humano, ao passo que a data da fecundação do óvulo pelo espermatozoide é misteriosa e
não poderia ser levada em conta pelos astrólogos.”“7. Aponta-se outrossim o fenômeno da precessão dos equinócios. Com efeito, o
suposto signo de Câncer tem as datas de 22 de junho a 22 de julho. Outrora o Sol estava na
constelação de Câncer; mais precisamente há dois mil anos. Hoje ele está na constelação de
Gêmeos. Tal fenômeno é dito “a precessão dos equinócios”; consiste em que o eixo de rotação da
Terra percorre um círculo completo em 25 mil anos; em consequência, a Terra se deslocou em
relação às constelações do “zodíaco”. Ou seja… os supostos signos que existiam na época da
criação da astrologia, seriam outros hoje em dia!”
A astrologia te rouba de você mesmo(a)!
Além dos argumentos científicos, mostrados no item “A ciência e a
astrologia” deste artigo, vamos a uma observação interessante: A adaptação
inconsciente da pessoa ao meio.
De acordo com a psicologia, se uma pessoa tenta ingressar em um
determinado grupo, ela começa a se adaptar aos costumes e normas do grupo. Esse
processo decorre de um mecanismo de adaptação social visando à sobrevivência da
espécie. Existem vários pesquisadores, que explicam melhor o assunto, se quiser se
aprofundar. Ou tangenciando também temos ainda Émile Durkheim, quando fala
sobre norma social.
Vivemos comparando nossas ações e crenças com as de nossos pares, e
depois as alteramos para se adequar. Isso significa que, se nosso grupo social acreditar
em algo, é mais provável que sigamos o rebanho.
Este efeito da influência social sobre o comportamento foi bem
demonstrado em 1961, pela experiência da esquina, conduzida pelo psicólogo social
dos EUA Stanley Milgram (mais conhecido por seu trabalho na obediência às figuras
da autoridade) e colegas.
Quem quiser pode ainda dar uma olhada na “Teoria dos papéis
organizacionais” com autores como George Herbert Mead, Talcott Parsons, Jacob L.
Moreno e Ralph Linton.
Mas o que importa é a aplicação prática de todos esses estudos:
Se uma pessoa – qualquer uma da face da Terra – lê as características de
um “signo do zodíaco”, de tão genéricas e abrangentes que são, essa pessoa vai se
identificar (óbvio, de tão genéricas que são!) com alguns daqueles aspectos. Conforme
as pesquisas citadas acima, o resultado é simples: o seu inconsciente vai modificar o
comportamento de tal indivíduo, para se parecer cada vez mais com as características
do “seu” signo, com o propósito de adequar tal indivíduo ao suposto grupo que ele
“faz parte” (o grupo do signo A ou B).
Ou seja: O teu inconsciente, dentro do teu cérebro, rouba você de você
mesmo! Você deixa de ser quem você realmente é, e passa a ter suas características
modificadas – involuntariamente (pelo menos a nível consciente) – para fazer parte
de um suposto grupo que não tem qualquer base científica.
O Pe. Fábio de Melo, em seu livro “Quem me roubou de mim” (Ed. Canção
Nova, 2008, 216p; inclusive encontra-se na lista dos mais vendidos de 2009) aborda
uma violência sutil que aflige muitas pessoas – o sequestro da subjetividade. Essa
expressão refere-se à privação que sofremos de nós mesmos quando estabelecemos
com alguém, nas palavras do próprio autor, ‘um vínculo que mina nossa capacidade de
ser quem somos, de pensar por nós mesmos, de exercer nossa autonomia, de tomar
decisões e exercer nossa liberdade de escolha’. Uma vez sequestrados, perdemos a
capacidade de sonhar, ficamos impossibilitados de viver as realizações para as quais
fomos feitos e não temos com quem reclamar. Precisamos, portanto, estar sempre
atentos para que isso não nos aconteça pois, como escreve padre Fábio – ‘Nenhuma
relação humana está privada de se transformar em roubo, perda de identidade, ainda
que as pessoas nos pareçam bem-intencionadas. Um só descuido e as relações podem
evoluir para essa violência silenciosa. Basta que as pessoas se percam de seus
referenciais, […] que confundam o amor com posse, que abram mão de suas
identidades, e que se ausentem de si mesmas’.
E existe roubo maior do que quando nos adaptamos, inconscientemente, a
um conjunto de comportamentos e regras que não são as nossas? E isso tudo só para
supostamente, fazer parte do “grupo” das pessoas de tal signo.
Você finda construindo prisões sem muros, que aprisionam suas vontades
e seus verdadeiros comportamentos, em detrimento do que seria o comportamento do
indivíduo pertencente a tal “signo”.
Horóscopo do dia?
Há alguns anos atrás, eu tive a grata experiência de trabalhar num jornal
impresso de grande circulação na minha cidade. Por diversas vezes, no fechamento do
jornal, um dos jornalistas avisava “Editor fulano, não chegou o horóscopo pra
amanhã”, no que era prontamente respondido com “bota o da semana passada.
Ninguém vai perceber. Ninguém liga pra essas bobagens mesmo.”. Havia também a
prática de inverter os textos dos “signos”, para que as pessoas não percebessem.
Assim sendo, tem gente que não sai de casa sem ler “seu” horóscopo do
dia… da semana passada… de outro signo… e até de outro “astrólogo”… Ou seja, o
aficionado em zodíaco estava “confiando” seu presente e seu futuro a nada menos que
passado invertido. Muito encorajador hein!
Astrologia e o cristianismo (só pra quem é cristão, tá ok!?)
É importante lembrar ainda, conforme a Bíblia, que astrologia e horóscopo
são abomináveis a Deus, e que Ele afasta Sua face de quem se dá a essas práticas: Dt 18,
10-13 ; Jr 29, 8 ; Lv 19, 31 ; Lv 20, 6 e 1Cor 10, 21-22 ; lembrando ainda que o Catecismo
da Igreja Católica (CIC), nos parágrafos 2111 e 2138, condena a superstição, a
adivinhação e afins (nos quais estão incluídos a astrologia e os horóscopos). Estas
práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos
exclusivamente a Deus! (CIC, parágrafo 2116). Portanto, para quem é cristão, dar-se à
astrologia/zodíaco/horóscopo é pecado mortal contra o 1º. mandamento.
Então?
Se você conhece alguma pessoa que segue/posta/divulga/etc. toda essa
bobagem de astrologia e signos: Que tal mostrar a essa pessoa este artigo para que ela
possa discernir se quer continuar se enganando (e sendo vítima de um roubo
psicológico!), ou se quer se libertar dos grilhões que a acorrentam à essa nefasta
astrologia!
E aí… qual é o seu signo?