O que não nos dizem nas escolas e nem na imprensa

Uma das inúmeras vantagens de ter resolvido me dedicar a um ativismo politico liberal, foi a necessidade de se dedicar bem mais a estudar economia, filosofia política e os acontecimentos do dia a dia.

A história da economia em si é um oceano infindável de surpresas. Evidentemente que não estou falando daquela economia vista nas academias (universidades), no nível de doutores e especialistas (de verdade), mas sim aquela em que se tem uma certa facilidade no aprendizado de um leigo como eu. E sim, encontram-se textos e estudos maravilhosos, com linguagem simples, sem o economês rebuscado e indecifrável.

Este tipo de estudo é extremamente libertador, pois fica cada dia mais evidente como somos bombardeados por falsas ou meias afirmações sobre quase tudo, principalmente neste campo politico/econômico, desde nossos tempos de escola.

Cito como exemplo a crise de 1929. Sempre fomos levados a crer que a maior crise mundial foi culpa do capitalismo selvagem e desenfreado, da falta de regulamentações do frouxo Estado americano libertário, que não regulava como devia as transações econômicas e comerciais. Assim como na recente crise de 2008, fomos levados a crer, mais uma vez, que o capitalismo malvadaço ruía mais uma vez e que, vejam só, o Estado salvador veio socorrer os empresários e banqueiros opressores, assim como em 1929. Ledo engano. Ambas as crises, como tantas outras, tiveram origem muitos anos antes de estourarem e vieram sendo alimentadas o tempo todo pela intervenção econômica do Estado americano, sempre “bem intencionado”, mas pouco inteligente e sem freios.

Vítimas da enchente em Louisville, recebendo pão do governo em 1937 (Autora: Margaret Bourke-White)

A crise de 1929 teve como raizes as várias crises do pós 1a Guerra, que iam e vinham em pequenas ondas, sempre sendo administradas pelo próprio Mercado, desde 1919, fazendo com que o Estado Americano, aos poucos, começasse a injetar dinheiro na economia, tentando abrandar estas ondas. A partir de 1925, esta injeção aumentou e tivemos uma expansão monetária, provocando uma demanda falsa de produtos e evidentemente uma bolha no mercado de ações que veio estourar em 1929. Qual foi o remédio encontrado para a intervenção do Estado? Mais intervenção do Estado com o New Deal, que de início evidentemente funcionou por uma enorme injeção de dinheiro público na economia, mas o que todos sabemos é que durando mais que o devido, fez com que a economia americana ficasse dependente deste dinheiro, o que estendeu a crise até o final da 2a Grande Guerra.

Já a crise de 2008, nada difere da origem da de 1929. Injeção de dinheiro público na economia, falsificando a demanda de determinados produtos no mercado, mas neste caso específico, em um único setor, o imobiliário, através de duas empresas para-estatais, criadas pelo Congresso americano (pouco ou nada se fala sobre isto), bancadas pelo dinheiro do FED (Banco Central Americano), a Fanny Mae e a Freddie Mac, que compravam os títulos de hipotecas dos bancos privados (tirando-os completamente do risco), ficando com alguns e revendendo outros para bancos e financiadores pelo Mundo todo, em fundos com bons títulos, juntos com os famosos títulos podres. Tudo isto com o aval das três agências de risco mais famosas e únicas autorizadas (olha o Estado aí, novamente) a atuar nos USA. A maioria destes títulos podres vieram de um programa de expansão de crédito patrocinados com dinheiro público através das empresas mencionadas acima e impulsionadas com programas estatais de empréstimos de bancos privados para minorias, através de um decreto chamado (CRA, Community Reinvestiment Act).

De acordo com as regras do Community Reinvestment Act (CRA), se um banco     quisesse fazer qualquer alteração em suas operações comerciais — fusão, abertura de uma filial, entrada em uma nova linha de negócios —, ele deveria primeiro provar aos reguladores que ele, o banco, já fez uma quantidade “suficiente” de empréstimos aos mutuários preferidos do governo — no caso, minorias e pessoas de baixa renda.

E, a partir de 1995, o governo americano passou a pressionar os bancos para que fizessem empréstimos sem que pudessem verificar critérios minimamente prudentes, como histórico de crédito do tomador de empréstimo, seu histórico de poupança e a magnitude do pagamento da hipoteca em relação à sua renda. Os bancos não podiam nem sequer verificar a renda do mutuário. Adicionalmente, o Banco Central americano (FED) havia dito aos bancos que a simples participação deste mutuário em programas de aconselhamento de crédito, muitos dos quais são financiados com fundos federais (lembra do Estado), poderia ser usada como “prova” da capacidade desse mutuário de baixa renda honrar seus pagamentos hipotecários.

Em outras palavras, os reguladores bancários federais exigiram que os bancos fizessem empréstimos ruins baseando-se em padrões de crédito inexistentes.

Bem, o resto é o que conhecemos, pois quando os preços dos imóveis desabaram com o estouro desta bolha incitada e incentivada pelo Estado americano, os pagamentos das hipotecas subsidiadas não valiam mais a pena, deixando para os bancos que compraram os créditos podres, o rombo final. O que vimos novamente, foi que o remédio para uma gigante intervenção estatal, foi mais intervenção e o FED assumiu praticamente todos os rombos iniciados por ele mesmo, junto com ações impositivas do próprio Estado. Será que esta solução é realmente a melhor?

Apenas para título de curiosidade, existe uma diferença crucial entre o sistema de seguros de crises no setor bancário americano para o brasileiro e, neste ponto, o brasileiro é melhor. Aqui, quem banca o fundo para crises, são os próprios bancos, já nos EUA, este seguro é de responsabilidade do FED, seu banco central.

E então, ainda acreditam que o problema das crises americanas foi o capitalismo brutal, ou o Estado incentivando uma demanda falsificada, gerando uma expansão de créditos ancorada em falsas garantias?

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