Nota da FIERN em defesa do Sistema “S”

Sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) - Foto: Reprodução

Nota da FIERN em defesa do Sistema “S”

O país foi surpreendido nesta segunda-feira, 17, com declarações do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, de que pretende cortar entre 30% e 50% dos recursos do Sistema S. Tal medida, se concretizada, irá provocar a extinção de importantes iniciativas e programas, num claro prejuízo aos trabalhadores do Rio Grande do Norte e do país que usufruem dos serviços de educação, saúde, assistência, cultura e lazer mantidos por essas instituições.

As entidades que integram o Sistema S, como o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), são importantes aliadas do Brasil na promoção de educação básica e profissional, inovação, tecnologia, saúde e segurança no trabalho. Todos os dias dezenas de profissionais formados pelo Sistema S entram no mercado de trabalho.

Acreditamos que o futuro ministro não sabe a importância dessas instituições para o país. Não tem noção do prejuízo que representaria um corte desse tamanho em entidades que têm utilizado, de maneira qualificada e transparente, os recursos destinados pelas empresas privadas para suas ações.

A proposta do ministro Paulo Guedes de corte de 30% nos recursos do SESI e SENAI, se levada adiante, representará o fechamento de 162 escolas de formação profissional do SENAI no Brasil e o corte de 1,1 milhão de vagas em cursos profissionais oferecidos por ano. Desde 1942, o SENAI já qualificou mais de 73 milhões de brasileiros.

A educação do SENAI é reconhecida internacionalmente – nas últimas edições da WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo, o Brasil, representado em sua maioria por estudantes do SENAI, conquistou o 1º lugar (2015) e o 2º (2017). Além disso, a atuação do SENAI é reconhecida pela ONU.

O corte também afetará dramaticamente o SESI. Nada menos que 155 escolas da instituição no país fecharão suas portas, extinguindo 498 mil vagas para alunos do ensino básico ou na educação de jovens e adultos. Em todo o Brasil, o SESI recebe, por ano, mais de 1,7 milhão de matrículas em educação básica e continuada e ações educativas, oferecendo qualificação de qualidade e cidadania para os brasileiros.

O ensino oferecido pelo SESI tem atestado de qualidade. Com foco em ciências, tecnologia, engenharia, matemática e artes, a abordagem das 505 escolas do SESI vem trazendo resultados positivos, como o bom desempenho em português e matemática dos alunos do 5º ano do ensino fundamental na Prova Brasil – as médias foram superiores a dos alunos da rede privada.

Os danos do corte proposto pelo ministro Paulo Guedes se estenderão também à empregabilidade. Cerca de 18,4 mil trabalhadores do SESI e do SENAI (a maioria educadores) em todo o país terão de ser dispensados. Isso num momento em que o país luta para diminuir os índices de desemprego, que atingem mais de 14 milhões no país e que deveria merecer prioridade do novo governo.

Também serão cancelados os atendimentos em saúde para 1, 2 milhão de pessoas. O SESI beneficia, por ano, mais de 4 milhões de trabalhadores com serviços de SST e promoção da saúde. São cerca de 770 mil consultas, 2,5 milhões de exames ocupacionais e 1 milhão de vacinas.

Importante ressaltar que o custeio do SESI e SENAI se dá por meio da contribuição das empresas industriais, ou seja, de verbas do setor privado. Não entra um centavo do Governo Federal no Sistema “S”, que é mero repassador dos recursos arrecadados junto ao segmento industrial.

Defendemos que o governo federal corte o excesso da máquina pública para buscar o financiamento de suas atividades e não retirar recursos de um Sistema consolidado por mais de sete décadas de serviços prestados ao país. É incompreensível que tente destruir uma das raras iniciativas que deu certo no Brasil e é referência mundial, sobretudo na área de ensino profissionalizante. O país precisa mudar, mas não será com medidas equivocadas e falsamente miraculosas e bombásticas que construiremos um futuro melhor para todos.

Amaro Sales de Araújo
Presidente do Sistema FIERN

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