Forte dos Reis Magos fecha dia 30

Em pleno período de alta estação, um dos cartões postais mais emblemáticos do Rio Grande do Norte e marco inicial da fundação da cidade de Natal, a Fortaleza dos Reis Magos, ficará fechado. O forte passa por uma reforma para preservar a arquitetura e os valores históricos  da construção, que data de 1598, e, por questões de segurança, o monumento centenário encerra  as visitas públicas a partir do dia 30 deste mês. A ideia é  restaurar o espaço e  reverter o processo de deterioração. Mas, até lá, as visitações estarão funcionando normalmente a partir das terças-feiras. O Governo do Estado está investindo cerca de R$ 3,9 milhões na recuperação da fortaleza. Os serviços completam mais de um mês e vão até novembro do próximo ano.

Todo o serviço é muito delicado e meticuloso para que nada da estrutura original da fortificação seja perdida. Estão sendo restauradas as partes estruturais essenciais da construção. As equipes que estão à frente da obra também estão encarregadas de realizar adaptações de acessibilidade, com a implantação de corrimões nas escadarias, e readequação das salas de exposição e  das lojas de souvenires. Além disso, serão feitos trabalhos no teto.

Uma equipe de 33 estudantes do curso de geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), liderados pelo professor Sebastião Andrade, foram ontem às instalações em obras ter uma aula de campo e a turma aprovou a reforma do monumento, que na avaliação dos acadêmicos, ficará preservado para o futuro.

A expectativa da  PS Construções e serviços de engenharia, empreiteira responsável pela execução da obra, é entregar todo  o forte revitalizado em novembro de 2019. Atualmente,  a obra da Fortaleza dos Reis Magos está na etapa de enumeração de danos, com serviço de catalogação de elementos de cantaria, tratamento de descupinização e montagem de canteiro de obras. No entanto, a  parte mais delicada do cronograma é o fase da recuperação das estruturas, que envolve o teto e demais partes da edificação da fortaleza. Todo o recurso para o serviço é oriundo do programa Governo Cidadão, através de é um empréstimo com o Banco Mundial.

O monumento é essencial para a identidade cultural do povo potiguar, justamente porque o forte está diretamente relacionado ao povoamento do estado, à época Capitania do Rio Grande. Popularmente conhecido como Forte dos Reis Magos, a fortaleza recebeu esse nome em função da data de início da sua construção, 6 de janeiro de 1598, dia de Reis pelo calendário católico, e marcou a fundação da capital potiguar em 25 de dezembro de 1599. A edificação surgiu em pleno processo de conquista do litoral do Nordeste brasileiro pelos portugueses em contraposição aos corsários franceses que traficavam pau-brasil.

Valor histórico:

O forte foi construído pelas tropas portuguesas sob o comando do Capitão-mor da Capitania de Pernambuco, Manuel de Mascarenhas Homem, que deu ordens para iniciar a fortificação sob a tutela da Coroa.  A planta foi traçada pelo padre jesuíta Gaspar de Samperes , reconhecido pelo traço de engenharia na Espanha e Flandres e por ser discípulo do arquiteto militar italiano Giovanni Battista Antonelli.

O padre desenhou uma fortificação que apresentava a forma clássica do forte marítimo seiscentista: um polígono estrelado, com o ângulo reentrante voltado para o Norte. O Forte dos Reis Magos inicial foi construído em taipa e estacas, numa área de duna, classificada pelos portugueses como ‘área solta entulhada’. As  obras ficaram a cargo de  primeiro comandante, Jerônimo de Albuquerque Maranhão.

Durante o segundo domínio holandês, o Forte dos Reis Magos foi ocupado entre 12 de dezembro de 1633 a fevereiro de 1654, e recebeu o nome Castelo Ceulen (Kasteel Keulen), homenagem a Matthijs van Ceulen, um dos dirigentes colegiados da WOC no Brasil de 1633-1634. O capitão Joris Garstman foi o primeiro holandês a comandá-lo e o Conde Maurício de Nassau mandou repará-la  em 1638.

No século 20, a construção também foi palco de marcos históricos. As dependências do forte serviram de prisão política para os implicados na Revolução Pernambucana de 1817. Entre eles destacou-se o  líder do movimento no Rio Grande do Norte, André de Albuquerque, que faleceu em uma das  celas, vítima de ferimento, naquele mesmo ano.

Números:

 

Fonte: Tribuna do Norte

Imagem: reprodução

Sair da versão mobile