Para certos professores, disputar a atenção dos alunos com o celular é quase uma batalha perdida. Mas, em Mossoró, o professor do SESI, Arion Charlon, de 28 anos, usou essa problemática para inovar. Em cima de um projeto proposto aos estudantes, chamado Geo Tecnologias Integrada ao Ensino Básico, o docente os incentivou a criarem, com a ajuda do telefone, um aplicativo de localização e orientação, associado a conceitos geográficos, com cunho social. Um dos resultados foi o GeoTour de Mossoró.
Um aplicativo que servirá para os próprios moradores de Mossoró, como também para visitantes, conhecerem mais a cidade em forma de passeio turístico. O guia funciona como o Google Maps, mas voltado para informações sobre pontos de visitação, points, lugares históricos, igrejas antigas, prédios de arquitetura interessante e até com indicações de eventos. Um aplicativo que revela ao turista que na famosa história de Lampião e Maria Bonita, um dos personagens de peso é de Mossoró. Que durante o assalto do bando de Lampião a Mossoró, o prefeito era o coronel Rodolfo Fernandes. Na época, sob o comando dele, os cidadãos montaram uma defesa e conseguiram expulsar os invasores.
O projeto do aplicativo foi um dos destaques do 3º Encontro Nacional do Sistema Estruturado de Ensino da Rede SESI, que reuniu representantes dos Departamentos Regionais de todo o país, nos dias 29 e 30 de novembro, em Brasília. Ao todo, 20 experiências exitosas de diferentes cidades brasileiras foram destacadas durante o evento. “Que é muito importante não só para o município, o estado, mas para o Brasil. O Brasil precisa de projetos assim, inovadores”, afirma Aryon Charlon. O professor usou um cálculo simples antes da ideia do projeto nascer. “Se o aluno passa em média 13 horas com o celular, seja mandando mensagem pro namorado, pra mãe, pro pai, ou seja jogando ou acessando rede social, ele vai continuar fazendo a mesma coisa, só que vai tirar um tempinho para estar com o celular, que ele gosta muito, mas aí aprendendo e difundindo conhecimento”, explica.
Em dois meses, foram cerca de 25 aplicativos criados, com a atuação direta de quatro turmas. Os estudantes tiveram que desenvolver a parte de programação e, para isso, foram atrás de conhecimentos de robótica, de tecnologia, de como criar um aplicativo. E, ao mesmo tempo, os professores tiveram que se preparar para poder fornecer as informações suficientes aos alunos. Uma troca que, segundo Aryon Charlon, foi importante para ambas as partes.
“O projeto teve, não na finalização, mas culminância, que os alunos puderam perceber como esse projeto foi importante para eles, um projeto como esse que eles desenvolveram um aplicativo, tiveram que buscar informações lá em geografia, tiveram que buscar informações que não sabia em física, em robótica, em história, porque tiveram que tirar fotos no museu da cidade, da parte arquitetônica que tem todo um contexto histórico, e que tiveram que sentar comigo e pedir ‘professor, me orienta, como eu faço isso para deixar uma informação?’”, lembra o docente.
Além da apresentação das 20 melhores práticas pedagógicas de 2018 da rede SESI, os representantes dos Departamentos Regionais participaram de uma palestra sobre STEAM, uma metodologia que trabalha de forma integrada as áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática e é baseada na aprendizagem por projetos. O modelo STEAM já está sendo utilizado dentro da rede de escolas do SESI.
O gerente executivo do SESI, Sérgio Gotti, conta que a metodologia está dentro da rede em termos de currículo, em termos de mudança profissional, inclusive, dentro do perfil dos profissionais que são contratados. O encontro, o terceiro proporcionado pelo SESI, é um desafio, mas também uma forma de reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelos docentes nas salas de aula. “Tiveram engajamento e o mais importante, geraram bons resultados, melhores resultados, na questão da aprendizagem. São projetos significativos, que trazem uma diferença para a vida dos nossos alunos e que os professores se motivam cada vez mais”, explica Gotti.
Fonte: Portal no Ar
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