Uma agência de notícias do governo chinês começou a utilizar o que ela chama de “IA âncoras” para apresentar as notícias do país. Eles foram criados pela agência Xinhua em parceria com a Sogou, companhia responsável por um dos buscadores mais populares da China. Dois modelos foram criados, um para notícias em inglês e outro que fala a língua local.
Para desenvolver os apresentadores, foram utilizadas imagens e áudios de jornalistas reais que trabalham na emissora como base. As empresas então combinaram a voz sintética gerada, semelhante a que ouvimos em outras assistentes virtuais, com uma tecnologia que movimenta a boca do boneco digital de acordo com o texto da notícia. Algo semelhante já foi feito com Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos.
Para a agência, o principal ponto positivo é que esse processo é bem mais rápido e automatizado do que produzir cenas em computação gráfica para cada matéria veiculada. Ainda de acordo com a Xinhua, os âncoras digitais podem “trabalhar 24 horas por dia”, exigindo apenas que os seus editores humanos continuem enviando novos textos. Os resultados são então compartilhados nas plataformas da empresa na internet, como YouTube e WeChat.
No entanto, as limitações da tecnologia ficam claras quando você assiste ao vídeo acima. As expressões do apresentador são limitadas, com poucos movimentos de outras partes do corpo durante a fala. A voz utilizada também não parece ser das mais avançadas, soando mais robótica do que as soluções criadas por outras empresas.
Mesmo com esses problemas, a novidade segue a tendência de evolução do que vimos nas áreas de aprendizagem de máquina e inteligência artificial. Embora não dê para saber se outras emissoras pretendem fazer algo parecido, essa é certamente uma tecnologia que vai melhorar bastante nos próximos anos.
Xinhua diz que “Âncoras AI” podem trabalhar 24 horas por dia em múltiplas plataformas
De acordo com relatos da Xinhua e do South China Morning Post , duas âncoras (uma para transmissões em inglês e outra para chinês) foram criadas em colaboração com a empresa local de buscas Sogou. A Xinhua diz que as âncoras têm “perspectivas infinitas” e podem ser usadas para gerar relatórios de notícias para a produção de TV, web e celular da agência.
Cada âncora pode “trabalhar 24 horas por dia em seu site oficial e em várias plataformas de mídia social, reduzindo os custos de produção de notícias e melhorando a eficiência”, diz a Xinhua.
A tecnologia tem suas limitações. No vídeo acima da âncora de língua inglesa, é óbvio que a gama de expressões faciais é limitada, e a voz é claramente artificial. Mas a pesquisa em aprendizado de máquina nessa área está fazendo melhorias rápidas, e não é difícil imaginar um futuro onde as âncoras de IA sejam indistinguíveis da realidade.
Isso pode parecer uma perspectiva preocupante para muitos, especialmente porque a tecnologia está sendo implantada na China. Lá, a imprensa é constantemente censurada, e é quase impossível obter relatos claros de eventos generalizados, como a supressão da comunidade muçulmana Uighur pelo país . Criar âncoras falsas para ler propaganda soa arrepiante.
Mas qual pode ser o efeito real sobre a sociedade se tais âncoras se tornarem difundidas forem difíceis de julgar. Se a Xinhua quiser que alguém leia a notícia sem questioná-la, não precisará da IA para que isso aconteça. Enquanto isso, personagens sintéticos estão lentamente entrando na cultura mainstream, com figuras como a estrela pop virtual Hatsune Miku e os modelos CGI Instagram familiarizando o público com esse tipo de criação.
Mas enquanto esses exemplos caem claramente no mundo do entretenimento, ter âncoras de IA lendo as notícias sugere que a tecnologia pode se tornar mais do que uma novidade.
Crédito da Foto: The Verge e TudoCelular.com.
Fonte: https://www.tecmundo.com.br e https://www.theverge.com