O período eleitoral passou, mas o tema “criminalidade” ainda aguarda a confirmação de sua importância para além das demagogias de palanque. Sim, pois equivalente aos alaridos circenses pluripartidários em torno do mote, foi a falta de profundidade nos planos de ação efetiva. E assim, mais uma vez, o horizonte futuro vai delineando o solitário protagonismo das soluções parciais e imediatistas, em detrimento de propostas plurais e duradouras.
A educação, que é a principal delas, raramente é vista como um ponto crucial deste debate, mas sim como se fosse “um outro assunto”. Mas será uma incrível coincidência que todos (eu disse TODOS) os países com estatísticas educacionais elevadas também possuem baixos índices criminais?! A lógica e o bom senso atestam que não.
Aliás, esta é uma realidade que o Brasil nunca experimentou: ter uma política educacional eficaz. E assim, escada abaixo, temos recebido reiteradamente o fruto inverso daquele experimentado por nações que “fizeram a lição de casa” e atualmente estão demolindo presídios por falta de detentos, ou transformando delegacias em salas de aula. Já o Brasil, com escolas desabando, professores mal remunerados e analfabetos funcionais sendo diplomados no ensino médio da rede pública, possui a terceira maior população carcerária do mundo e, ano após ano, índices de guerra civil afligindo o cotidiano nacional.
Excluir a educação de qualquer planificação relacionada a segurança pública é um erro crasso de estratégia – vide os resultados que obtivemos até hoje. Ações belicosas podem até tratarem dos “sintomas”, mas a prevenção da “doença” e o combate a esta em sua raiz só poderá vir através da adoção de políticas educacionais associadas. Qualquer discurso que não prestigie tal realidade ratificada nos fatos não passará de bala completamente perdida.